Capital cultural

Capital Cultural: O que é e como desenvolver

O conceito de Capital Cultural foi criado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu em 1973 na obra “Reprodução cultural e reprodução social“, com co-autoria de Jean-Claude Passeron.

Além disso, Bourdieu posteriormente desenvolveu esse trabalho em um conceito teórico e ferramenta analítica em seu livro de 1979 “A Distinção: crítica social do julgamento“.

Em seus primeiros escritos sobre o assunto, Bourdieu e Passeron afirmaram que o acúmulo de conhecimento é usado para reforçar as diferenças de classe.

Isso porque variáveis ​​como raça, gênero, nacionalidade e religião costumam determinar quem tem acesso a diferentes formas de conhecimento.

O status social também define algumas formas de conhecimento como mais valiosas do que outras.

Em síntese, Capital Cultural é o que entendemos por acúmulo de conhecimento, comportamentos e habilidades que uma pessoa pode utilizar para demonstrar sua competência cultural e status social.

A origem do termo capital cultural

Nos anos 1970, Pierre Bourdieu, um sociólogo francês, desenvolveu a ideia de capital cultural como uma forma de explicar como o poder na sociedade era transferido e as classes sociais mantidas.

Karl Marx acreditava que o capital econômico (dinheiro e ativos) ditava sua posição na ordem social. Já Bourdieu acreditava que o capital cultural desempenhava um papel importante e sutil.

Mas, tanto para Marx quanto para Bourdieu, quanto mais capital você tem, mais poderoso você se torna.

Bourdieu definiu capital cultural como “familiaridade com a cultura legítima dentro de uma sociedade”, o que podemos chamar também de “alta cultura”.

Ele viu famílias passando capital cultural para seus filhos, apresentando-os à dança e à música, levando-os a teatros, galerias e locais históricos, e conversando sobre literatura e arte à mesa de jantar.

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Definindo o capital cultural hoje

Bourdieu identificou três fontes de capital cultural: objetivo, incorporado e institucionalizado.

  • Objetivo: bens culturais, livros e obras de arte;
  • Incorporado: linguagem, maneirismos, preferências;
  • Institucionalizado: qualificações, credenciais de educação;

Trabalhos mais recentes sobre a ideia de capital cultural, por diversos acadêmicos, adicionaram formas técnicas, emocionais, nacionais e subculturais de capital cultural a esta lista.

  • Técnico: habilidades comercializáveis.
  • Emocional: empatia, simpatia (coisas que as empresas podem procurar em funcionários em cargos de gestão).
  • Nacional: opera no pressuposto da existência de tradições, tanto na alta cultura como na cultura popular, que geram e justificam um sentimento de pertencimento e uma ocupação de uma posição nacional de governo.
  • Subcultural: grupos construídos em torno de especificidades culturais, onde os indivíduos precisam de conhecimentos e comportamentos culturais particulares para pertencer ao subconjunto.

Portanto, o consumo cultural e as noções de “arte erudita” mudaram ao longo do tempo.

Alguém que mistura interesses em uma ampla gama de formas de cultura, tanto aquelas vistas como historicamente “legítimas” pela sociedade, quanto as formas emergentes.

Capital cultural neste novo sentido é incorporado por um indivíduo que tem conhecimento sobre uma ampla gama de cultura e se sente confortável em discutir seu valor e méritos.

Ou seja, é um conceito caracterizado pela experiência e habilidade para ser capaz de desdobrar os conhecimentos adequados em qualquer situação: uma entrevista de emprego, uma conversa com um vizinho, construção de uma rede de trabalho e assim por diante.

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Os benefícios do capital cultural

As evidências sugerem que, o capital cultural repassado pelas famílias, ajuda as crianças a ter um desempenho melhor na escola.

O sistema educacional valoriza o conhecimento e as formas de pensamento desenvolvidos pela aquisição de capital cultural, tanto abstrato quanto formal.

Já como adultos, o capital cultural ajuda os indivíduos a se relacionarem com outros adultos que possuem um corpo de conhecimento e experiências semelhantes e que, por sua vez, controlam o acesso a profissões bem remuneradas e papeis de liderança de prestígio, por exemplo, no governo.

Dicas simples e práticas de como aumentar seu capital cultural

O capital cultural não é estático, e nosso nível de competência cultural deve estar em constante mudanças, como resposta às novas situações, experiências e relacionamentos.

Portanto, aqui destacamos três elementos principais:

  • Atitudes;
  • Habilidades;
  • Conhecimento.

Eles são importantes em três níveis:

  • Nível individual: o conhecimento, habilidades, valores, atitudes e comportamentos dos indivíduos
  • Nível de serviço: gestão e estruturas operacionais e práticas, expectativas, incluindo políticas, procedimentos, declarações de visão das crianças, famílias e comunidade.
  • Nível de sistema mais amplo: como os serviços se relacionam e respeitam o resto da comunidade, agências e protocolos da comunidade local.

Por isso, se você deseja ter uma bagagem cultural ampla e desenvolver habilidades socioculturais realmente relevantes para conquistar bons cargos em empresas, saber discutir sobre diversos assuntos, se relacionar melhor com as pessoas ao seu redor e consigo mesmo, confira algumas dicas simples que você pode começar a colocar em prática:

1. Aprenda sobre si mesmo

O autoconhecimento é extremamente importante para entendermos nossas limitações e de como podemos superá-las.

Quando fazer um exercício de autorreflexão sobre nossos desejos, motivações, falhas e hábitos, nós abrimos um leque de possibilidades para encontrarmos melhores formas de nos adaptarmos às mudanças do dia a dia, bem como de conhecermos nossos pontos fortes e usá-los para desenvolver habilidades novas.

Além disso, refletir criticamente sobre nossos próprios preconceitos nos ajuda a desenvolver as habilidades necessárias para interagirmos e nos envolvermos de forma eficaz com indivíduos cujo background cultural é diferente do nosso.

2. Seja curioso e observador

Tenha um espírito curioso e esteja sempre atento para captar oportunidades em diferentes situações.

Esses dois elementos são fundamentais, pois a curiosidade proporciona a oportunidade de sairmos da nossa zona de conforto e a observação de aproveitarmos melhor as chances que nos surgem.

3. Pratique a escuta ativa

Quando foi a última vez que você se envolveu em uma conversa de escuta ativa com alguém que tem experiências e crenças muito diferentes das suas?

A escuta ativa envolve pensar sobre o sentimento por trás do conteúdo ou a emoção envolvida.

A emoção evidencia a real intenção da conversa, o que o ajudará a identificar se a pessoa está chateada, curiosa ou agindo de acordo com outra emoção e permitirá que você responda de maneira adequada.

Esse elemento vai te capacitar para ser mais empático, a desenvolver melhor a habilidade de comunicação e a ser mais engajado com pessoas ao seu redor.

4. Alimente seu conhecimento cultural e global

Aprender mais sobre outras culturas e estar ciente dos eventos atuais é muitas vezes a chave para aprender sobre os pontos de vista de vários grupos culturais.

Ao trabalhar com pessoas de diferentes origens culturais, pode ser extremamente útil para aprender sobre as práticas, valores e crenças de sua cultura.

Por exemplo, aprender sobre as línguas faladas em suas comunidades, práticas de educação infantil ou tradições religiosas podem nos ajudar a entender e interagir com indivíduos e grupos de várias origens.

Ademais, você pode inserir outras atividades em sua rotina, como visitas aos museus e/ou galerias de arte, assistir a peças teatrais, concertos musicais, frequentar eventos culturais promovidos pelo governo, apreciar mostras de cinema e debates sobre os filmes assistidos.

A leitura também é algo que nos ajuda a desenvolver o senso crítico, a criatividade, vocabulário e o conhecimento de mundo.

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